SÓPAPOS

Razão de um Percurso (Conferências Simplórias 2013, para divulgação da Nova Psicanálise, realizadas na Universidade Candido Mendes).

Situação: Publicado pela NovaMente Editora, RJ, 2015.

Percurso e Recursos de MD Magno

Nelma Medeiros

A psicanálise no Brasil serviu de arsenal heurístico e metafórico para intervenções de forte vocação analítica na cultura. Foi o caso do modernismo, sobretudo no círculo de Oswald de Andrade. Em outras ocasiões, brasileiros solertes como Monteiro Lobato e Anísio Teixeira operaram à maneira de Freud, mostrando que certas formações culturais sintomáticas continuam paralisando nossos modos de agir e pensar. Ou ainda, a força disruptiva da literatura de João Guimarães Rosa, tornada ferramenta de deglutição do entendimento lacaniano da psicanálise, de modo inaudito no Brasil, a partir da década de 1970.

 A captura dessas conexões se decantou na obra do brasileiro MD Magno, cujo encontro precoce com a obra de Freud o empurrou numa trilha de entendimento dos cacos do país tropicalista, autoritário, positivista, concreto e neoconcreto, arcaico e moderno, próprio e copiado, pragmático, rude, ignorante, patrimonialista e mazombo, mas também antropofágico e macunaímico.

Ao combinar o ambiente cultural do Brasil a partir dos anos 1920 com dados biográficos de MD Magno, suas influências intelectuais e formação artística, seu encontro com Lacan, o texto nos mostra como a psicanálise no Brasil se transformou na psicanálise do Brasil.

Zig/Jac: Mag

MD Magno

“O que vim fazer aqui? Vim conversar com vocês sobre meu percurso no mapa da psicanálise. Isto porque este percurso, que já dura décadas, acabou me levando a reconstruir do meu modo tudo que sabia e não sabia sobre psicanálise”.

De novo, MD Magno expõe a Nova Psicanálise para um público maior. Ele já fizera isto em 1990 (Arte & Fato) e em 1999 (A Psicanálise, Novamente). Desta vez, sete conferências “simplórias” proferidas em 2013 na Universidade Candido Mendes descrevem de modo acessível o contexto e a emergência dos conceitos que montaram a reformatação da psicanálise que ele vem desenvolvendo desde os anos 1980.

A psicanálise se disseminou e passou a funcionar como aparelho crítico de recusa de certas repressões. Mas, nas três últimas décadas, também se disseminaram no regime social planetário comportamentos cujos efeitos são parecidos com os da análise no regime individual.  Como resultado desse descompasso, temos a “Zorra” em que estamos imersos atualmente.

Neste livro, o leitor acompanha a busca do autor por denominadores comuns para tornar a psicanálise mais simples, mais compacta, mais manejável e “compatível com os movimentos deste século”.


Sumário

Percurso e Recursos

de MD Magno

Nelma Medeiros

1 a 2. Os primeiros anos de formação, de Campos dos Goytacazes à Escola Preparatória de Cadetes em Fortaleza – Efeitos da conexão entre a literatura infanto-juvenil de Monteiro Lobato e a descoberta de Sigmund Freud. 3. A referência a Villa-Lobos, articulada à leitura de Alfred N. Whitehead – A razão de Bertrand Russell e o entendimento psicanalítico do surracionalismo de Gaston Bachelard. 4 a 11. O encontro com Anísio Teixeira – Diálogos com o pragmatismo e a comunicação: John Dewey, Richard Rorty, Ralph Waldo Emerson e Marshall McLuhan. A polivalência e a politecnia das atividades praticadas em teatro, música, artes plásticas, literatura, artes gráficas e editoração. 12 a 16. O experimentalismo pós-moderno de Aboque/Abaque – Primeiros efeitos da leitura de Lacan: o inconsciente como espelho (via João Guimarães Rosa) e a obra de arte como função analítica (via Marcel Duchamp) – Análise, trabalho, ensino e estudo em Paris (1977-1978). 17 a 20. Consensos e dissensos na transmissão lacaniana no Brasil e seus efeitos internacionais. 21 a 24. A concepção da heterofagia (via Oswald de Andrade) como possibilidade de uma Psicanálise do Brasil. 25. A fundação da Causa Freudiana do Brasil: de Brasília (1984) a São Paulo (1988), uma aventura (de)lenda. 26 a 28. Da heterofagia à proposição do Maneiro como terceiro lugar em relação ao Barroco e ao Clássico: a sexualidade concebida como estilística. 29. Da heterofagia ao mazombismo (via Anísio Teixeira): neurobrás ou a análise do “sintoma Brasil” – “Lacan é um pensador terminal”. 30. Do Colégio Freudiano à UniverCidadeDeDeus. 31 a 32. Breves indicações conceituais da Nova Psicanálise à luz da virada gnoseológica do século XXI.

 

ZIG/JAC: MAG

MD Magno

 

1. A Psicanálise não é mais Aquela? – 147

Considerações iniciais do percurso do autor no mapa da psicanálise – Elementos do mapa freudiano: complexo de Édipo, a sexualidade como princípio lógico e funcional do psiquismo e a pulsão de morte – Elementos do mapa lacaniano: a aproximação com o estruturalismo, a vontade matêmica e a apropriação de raciocínios topológicos – A desconfiguração sintomática contemporânea pela tecnologia como efeito de ana-lysis – O momento contemporâneo: “passar a limpo a psicanálise e procurar denominadores comuns para torná-la mais simples”.

 

2. Conceituação – 163

“Toda produção mental é ficção” ou “fixão” – Concepção da pulsão de morte como “Haver desejo de não-Haver” no sentido de desejo de impossível – Haver e Ser e sua distinção via Bruit Secret (“Ruído Secreto”) de Marcel Duchamp – Os “conceitos fundamentais” da psicanálise (Lacan) e a pulsão como “único conceito fundamental” (Magno) – “Nossa mente é estruturada como um espelho” – A razão do recalque: a quebra de simetria originária e outras modalidades de recalque (Primário e Secundário) – A Artificialidade do Haver: artifícios espontâneos e artifícios industriais – Por que “retorno de Freud” – Três vias possíveis de entendimento da sintomática do mundo, desde o século XX: morfose estacionária, morfose regressiva ou morfose progressiva.

 

3. Mais conceituação – 181

Paradigma da psicanálise é sexual e seu estatuto é místico – Ética da psicanálise é a da Identidade e da Indiferença – Da ética da psicanálise decorre uma Diferocracia como governo da Diferença – O campo de operação da psicanálise: proposição de uma Gnômica – “A psicanálise é o Pensamento Perplexo” – Conhecimento absoluto de Haver.

 

4. 1AR / 2AR / OR: Etologia e Neo-Etologia – 197

Quebra de simetria e formações do Haver – Primário: formações do vivo como autossoma e etossoma – Princípio de Catoptria explica o funcionamento das Idioformações – Emergência de Secundário por competência de Revirão – Secundário é competência de articulação linguageira e de produção cultural – Funções recalcantes do Secundário articuladas às do Primário produzem neo-etologia – Pressão recalcante produz racismo e xenofobia.

 

5. O Creodo Antrópico – 215

Apresentação do Creodo Antrópico como fundamentação sintomal da sequência histórica da nossa espécie e da Pessoa – Tópica “Primário / Secundário / Originário” é a ordenação sintomática do Creodo – Primeiro Império ou Império d’Amãe é momento inaugural da espécie como produtora de próteses – Segundo Império ou Império d’Opai é passagem da referência do Primário ao Secundário – Terceiro Império ou Império d’Ofilho: Secundário é hegemônico como ordem cultural – Vicissitudes históricas da fundação e desenvolvimento do Terceiro Império no Ocidente – Quarto Império ou Império d’Oespírito: surgimento de referência ao Originário a partir das produções secundárias e protéticas – Pensamento de Freud foi situado no Segundo Império e o de Lacan no Terceiro Império – Projeto progressivo da Nova Psicanálise – Quinto Império ou Império do Amém e a referência hegemônica ao Originário.

 

6. Subsequências do Creodo Antrópico – 237

Movimento do Originário é exercício perene de libertação – Análise é substituição permanente de recalque por juízo foraclusivo – Paradigma de pensamento da psicanálise é sexual – Polimorfia da sexualidade na criança – Édipo e castração como modelos de entendimento da sexualidade em Freud – Formulações lógicas de Lacan sobre a sexualidade – Na nova psicanálise o conceito de Revirão formula a sexualidade e suas expressões – Sexo da morte, sexo resistente, sexo consistente e sexo resistente – Correlação entre sexualidade e creodo antrópico – “O sexo de cada um é singular”.

 

7. Homo Zapiens – 257

Surgimento do homo zapiens no Quarto Império – Protética possibilitou esfacelamento e reagrupamento das funções informativas – A NovaMente é a teoria que descreve a nova posição de Quarto Império – Pessoa é polo aglutinador de formações primárias, secundárias e originária – Pessoas são polares, com focos e franjas (estas infinitamente longas) em regime permanente de transa de formações – Três formulações NovaMente para o século: 1) morfologia ou teoria das formações; 2) estatuto místico da psicanálise e a ética do anti-narciso; 3) teoria do conhecimento (gnômica) e teoria política (diferocracia).



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