SEMINÁRIOS

A Natureza do Vínculo

Resumo

Local: Auditório do CFCH - Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ
Situação: Publicado pela Imago Editora, RJ, 1994. Inclui os Anexos: Perspectivas da Psicanálise; e Sobre Ética e Sujeito.

A idéia de Natureza do Vínculo equivoca dois planos que costumamos consider em oposição: a chamada “natureza” e os vínculos humanos. A reformulação do conceito de Pulsão como co-extensivo ao Haver acarreta uma reviravolta nas concepções a respeito desses dois planos, que perdem em essencialidade e ganham em multiplicidade de articulações. A potência artificialista humana é dita homóloga à potência igualmente inventiva do Haver. Donde a proposta dos níveis vinculatórios: daqueles mais primários (nosso corpo biótico e seus etogramas), passando pelos vínculos secundários e sua decantação neo-etológica, para enfim chegar àquilo que especifica a espécie humana: a possibilidade de referência a um Vínculo Absoluto ou Originário.

Eis o desafio que esse Seminário enfrenta: o de uma nova postura que ultrapasse a religião e a filosofia, possibilitando a instrumentalização de uma Clínica capaz de promover a indiferenciação dos valores indexados aos vínculos, abrindo novas perspectivas para a reflexão acerca da Ética, da Cidadania, da Perversidade Social, da Identidade, entre outras.

Sumário

1 – 11 Mar
Consideração do vínculo resulta em uma Erótica da Psicanálise – Questionamento da psicanálise em suas relações com hipnose, sugestão e mito – Crítica aos processos deformação do analista – Conceito de Revirão impõe reversão na perspectiva teórica da psicanálise – Tópica do recalque (1Ar, 2Ar e Or) esclarece condições de vínculo – Vínculo como engenhariados processos mentais.

2 – 18 Mar
Revirão como máquina de reversão e afetação qualificadora da espécie humana – Cultura é especificação para aquém do Revirão – Ordem mimética das formações culturais produz e reproduz espécies culturais diferentes – Desgarramento em Vínculo Absoluto como condição de produção de novos vínculos – Ordem vincular primária e secundária é ordem comunicacional – Equivalência entre significante falo e capital e sua contabilização como dever e haver – Intervenções durante a apresentação do livro Le lien affectif, de Mikkel Borch-Jakobsen.

3 – 22 Abr
Nat-Cult como sistema de transas entre formações primárias e suas metáforas secundárias – Formações são resistência – Considerações sobre seita e fanatismo a partir do caso David Koresh (Texas, EUA) – Hiperdeterminação como referência em vazio para qualquer situação sintomática – “Que condições existem para se refletir?”

4 – 06 Mai
Pedagogia Freudiana como sustentação do lugar próprio da psicanálise – Transferência, inconsciente e repetição são conceitos decorrentes do conceito de pulsão de morte – Aproximações e diferenças entre psicanálise e pensamento zen – Crítica às noções de ‘homem’ e ‘mulher’ em Lacan.

5 – 24 Jun
Revirão suporta lógicas unária, binária e ternária – Obsessividade e histeria como exemplos de lógica binária – Três níveis lógicos no pensamento ternário: androginia; heterogeneidade dos registros RSI; terceiro como suspensão e indiferenciação – Lógica ternária se situa a partir da colocação de um quarto termo – Lógica unária é Haver como Um diante de não-Haver – Vínculo Absoluto depende de referência ao quarto termo (não-Haver).

6 – 01 Jul
É possível sugerir a suspensão das sugestões? – Hipnose é abertura para a suspensão e para o vínculo – Ordens de vinculação (Or, 1Ar e 2Ar) são afetadas pelos pensamentos ternário, binário e unário – Vínculo Absoluto como possibilidade de sugestão da suspensão – Conceito de vínculo como ampliação das noções de transferência e hipnose.

7 – 08 Jul
Nova barbárie e movimentos de retrocesso no mundo contemporâneo – Macarthismo psi como exemplo de mentalidade retrogressiva – Vetor hiper-recalcante do movimento retrogressivo.

8 – 02 Set
Introdução à questão da Erótica em psicanálise – Sujeito suposto saber, traço unário e amor em Lacan – Vinculações relativas e vinculação absoluta – Referência ao Vínculo Absoluto é condição de relativização dos vínculos – Amor impossível (Lacan) e amor necessário em regime de horror (MD Magno) – Cuidado como expressão da referência ao absoluto em níveis menores – Perguntas e respostas sobre a ordem vincular.

9 – 09 Set
Introdução à questão do vínculo em sua relação com Estado, Sociedade e Cidadania – Estado é reforço da conta-por-Um promovida pelo social (Alain Badiou) – “Estado é exercício da possibilidade de hiper-recalque” (MD Magno) – Sociedade é multiplicidade que opera conta-por-Um (Alain Badiou) – Sociedade é o consuetudinário como recalque em operação (MD Magno) – Cidadão corresponde à singularidade dentro da sociedade (Alain Badiou) – Cidadão é aquele que exerce juízo foraclusivo em relação à ordem do recalque (MD Magno) – Crítica ao modelo neo-liberal brasileiro – Comentário sobre Le Crime du Caporal Lorti, de Pierre Legendre.

10 – 23 Set
Referência à hiperdeterminação no confronto Antígona x Creonte – Homens como seres de referência absoluta x animais bípedes falantes – Questões sobre o objeto a lacaniano – Crítica à vontade de síntese do objeto a – Analogia é elemento constitutivo da razão protética – Revirão é condição da razão protética.

11 – 30 Set
Weltanschauung é pacificação de angústia – Angústia é prova real d’ALEI Haver desejo de não-Haver – Angústia se enraíza no Primário, Secundário e no Absoluto – Crítica ao objeto a como objeto da angústia – Esclarecimento sobre objeto como mais-gozar.

12 – 07 Out
Dupla face da angústia: oposição entre sobredeterminações e hiperdeterminação – Produção teórica em psicanálise como angústia e resistência – Três lugares emergenciais da angústia: formações primárias e secundárias, e hiperdeterminação – Experiência de Real é angústia como não-resistência.

13 – 23 Out
‘Quem é eu?’ como reformulação da questão lacaniana do sujeito – Secundário subsume simbólico como competência de metaforização do Primário – Problematização do conceito lacaniano de identificação – Eu é confluência de formações primárias e secundárias em empuxo de hiperdeterminação – Macunaíma como expressão acaracterológica de eu – Reconhecimento de identidade se dá em regime de sujeito com’Um.

14 – 04 Nov
Hipnose é processo de sugestão – Tarefa do analista é maiêutica do Um – Nascimento do Um é condição de nome próprio – Considerações sobre a raridade de se produzir explicitação de nome próprio.

15 – 25 Nov
Recaptulação do desenvolvimento teórico do seminário – Revolução como processamento de cura – Consideração protética e reificante da cultura – Crítica à dialética do senhor e do escravo como momento de fundação das relações de domínio – Singularidade se funda no arrostamento da impossibilidade de não-Haver.

AnexosPerspectivas da Psicanálise – Sobre Ética e Sujeito


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